Em A Região em Pauta, convidados divergem sobre tecnologia no Porto de Santos

Fonte: Jornal A Tribuna

O Porto de Santos dividiu opiniões entre dois convidados do segundo painel do seminário, que teve como tema A Baixada Santista no Contexto do Emprego, Perspectivas e Cenários. O jornalista, consultor e sócio-fundador da Data Center Brasil, Rodolfo Amaral, disse que a tecnologia vai tirar recursos da cidade e atingir empregos. Já o secretário municipal de Assuntos Portuários e Emprego, Bruno Orlandi, contemporizou o tema.

Ao abordar o cenário econômico e a influência das inovações nas movimentações de cargas, Amaral afirmou que a tendência é de que os pátios percam clientes, o que acarretará em diminuição de faturamento das empresas. Segundo ele, haverá reflexos disso no mercado de trabalho.

“Neste momento, acontece o que se chama de despacho sobre as águas. Um navio sai dos Estados Unidos com carga. No trajeto, o despacho é realizado, e o contêiner chega a Santos em condição de ser colocado em uma carreta e ir para o importador. Os pátios, que recebem por hospedagem e armazenagem (no total) R$ 4,8 bilhões, vão ver a quantidade (de mercadoria) reduzir. Com isso, quase 19 mil empregos na atividade principal serão impactados só em Santos”, calculou Amaral.

O consultor citou, ainda, que “isso já está no radar de todos que operam no setor, mas não está sendo averiguado com a preocupação que o tema merece (…) Estou falando de (redução de) ISS (Imposto sobre Serviço) em torno de R$ 230 ou 240 milhões para as prefeituras de Santos e Guarujá, que vão ter de começar a se preocupar”.

Apesar da contundência do jornalista, Orlandi minimizou a fala do jornalista.

“O Porto segue batendo recordes. Temos preocupação com o que o Rodolfo trouxe, mas (apesar do despacho) ainda temos de tirar a carga do navio, e isso não é tão simples. Os terminais ainda precisarão de pátios para recepção das mercadorias”.

Amaral rebateu o secretário. “O Porto bate recordes e recordes… A grande movimentação é de carga a granel. A grande essência do Porto é esta, que, do ponto de vista da massa salarial, é muito mal remunerada. O que dá resultado é a movimentação de contêiner. Nos últimos 40 anos, não houve nenhum em que o movimento de navios passou de 5.500”.

Outro tema que gerou embate entre os dois foi a ligação seca entre Santos e Guarujá. Amaral entende que o túnel que ligará as cidades não tem relação com o setor portuário.

“A prioridade da Autoridade Portuária é o túnel, que não tem nada a ver com o Porto. Tem a ver com mobilidade. Tirar dinheiro da Autoridade para o túnel, com as Perimetrais incompletas há mais de dez anos, é um absurdo”, considerou o jornalista.

Orlandi discordou. “O Porto faz 34 manobras de navios na entrada e na saída. Isso daria 6.200 por ano — é uma possibilidade, não chegou a isso ainda. Se tirar a balsa, consegue muito mais. Quando falamos de balsa, é trânsito no canal onde passam os navios. O túnel é importante em termos logísticos”.

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