Fonte: Jornal A Tribuna
Instalar um conglomerado de indústrias em uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) na Área Continental de Santos, formando um polo gerador de empregos no setor portuário. Esse é um dos pilares do trabalho da Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego de Santos. Em entrevista para A Tribuna, o secretário responsável pela pasta, Bruno Orlandi, falou sobre os esforços para viabilizar o conceito de Porto-Indústria na Cidade, além do convênio com a Fundação Cenep para qualificação de mão de obra, necessidade de investimentos em uma terceira via ligando o Planalto à Baixada Santista para facilitar o escoamento de carga e o deslocamento de pessoas e a contribuição do Município ao projeto do túnel submerso Santos-Guarujá.
Quais ações a Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego de Santos planeja com o objetivo de integrar cada mais o Porto e a Cidade?
A gente precisa de investimentos em acesso rodoviário e ferroviário. Hoje, o acesso ferroviário está em fase avançada, com a Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), mas o acesso rodoviário também precisa melhorar. A gente tem conversado muito com os órgãos competentes sobre um novo acesso ligando o Planalto à Baixada Santista, em especial, ao Porto de Santos. Nós sabemos o volume de carga que chega ao Porto e, sem dúvida, esse gargalo logístico é um dos desafios a serem superados para que o Porto possa crescer e continuar batendo seus recordes. Além disso, o nosso objetivo é trazer para Santos o conceito de Porto-Indústria, com uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Como a pasta tem trabalhado para fomentar o Porto-Indústria?
Temos trabalhado diuturnamente para transformar isso em realidade, com o objetivo de ter um grande polo gerador de emprego. Nosso foco são indústrias de baixo impacto ambiental e alto valor agregado que poderiam ser colocadas, inclusive, na Área Continental de Santos, com uma ZPE, por meio de concessão de incentivo fiscal. Transformando em realidade, isso geraria inúmeros empregos para a Baixada Santista e faria com que a região crescesse sobremaneira, inclusive no valor agregado dos produtos ofertados.
Durante o 1º Encontro Porto & Mar 2023, promovido pelo Grupo Tribuna, o senhor enfatizou o pleito de formalizar um convênio junto à Fundação Cenep para oferta de cursos de qualificação profissional na área portuária. Houve alguma resposta do Governo Federal?
Hoje, no Brasil, uma pessoa opera um portêiner de dentro de uma ‘caixa de vidro, de ferro’. Em alguns lugares do mundo, esse operador trabalha numa sala como a nossa, onde ele tem um joystick e um computador. Então, para isso, é preciso treinamento, tecnologia e investimento. Nós tivemos uma reunião na Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego com o diretor-presidente da Fundação Centro de Excelência Portuária de Santos (Cenep), Bruno Pelochs Barbino, e o presidente da Fundação Parque Tecnológico de Santos (FPTS), Eduardo Bittencourt. Eu já tinha conversado com o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, e com o secretário-executivo do Ministério de Portos e Aeroportos, Roberto Gusmão, no dia do 1º Encontro Porto & Mar, e ambos já tinham falado do objetivo do ministério em avançar nesse tipo de parceria. Já fizemos a primeira reunião para formalizarmos esse convênio, esse protocolo de intenções ou o instrumento jurídico adequado para que a gente possa avançar nesse sentido, qualificando cada vez mais a mão de obra portuária.
O senhor integra a comissão mista criada pela Autoridade Portuária de Santos (APS) para discutir e aprimorar o projeto do túnel submerso Santos-Guarujá. Há mais diálogo com a atual gestão e com o Ministério de Portos e Aeroportos do que antes?
O túnel submerso terá impacto direto na vida do cidadão santista e do morador de Guarujá. Então, é importante demais que as prefeituras sejam ouvidas, para saber onde é que vai desembocar esse túnel, qual é o trajeto, se ele tem a previsão de utilizar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ou qual é o tipo de ligação que fará o contato direto com o transporte público em ambos os lados. Quando a gente ouve mais, erra menos. E poder participar desse desafio que é entregar esse túnel para a população da Baixada Santista é uma honra muito grande. Quanto ao diálogo, hoje há uma convergência maior. Antigamente, havia uma disputa grande sobre quem pagaria essa conta. Hoje, o Governo Federal assume essa responsabilidade e o Governo do Estado também se coloca como um grande parceiro.
Qual é a sua expectativa em relação ao Parque Valongo, agora que foram anunciados investimentos efetivos na revitalização? O que esse futuro espaço turístico vai trazer de benefícios para a Cidade?
O Parque Valongo é um avanço enorme para a Cidade. Hoje, a gente consegue tirar o projeto do papel por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Estadual, a Prefeitura e a Autoridade Portuária. O TAC já foi homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público, ou seja, está validado. O Parque Valongo consiste na revitalização dos armazéns e também na construção de uma praça que dará acesso à linha d’água. Além disso, nós teremos a revitalização do Centro, que passa por essas melhoras, começando pelos armazéns do Valongo, onde nasceu o Porto de Santos.
E tem ainda a questão do Terminal de Passageiros…
Sim, há uma expectativa muito positiva de que o Terminal de Passageiros vá para o Valongo. Se isso acontecer, nós teremos o maior Terminal de Passageiros do Brasil em frente à Secretaria de Turismo, à saída do bonde, ao Museu Pelé. E ao lado, teremos os armazéns revitalizados, uma praça pública e turística com acesso à linha d’água. Então, a nossa perspectiva é fazer a revitalização do Centro dando oportunidade para o turismo, com crescimento do comércio local, desenvolvendo a economia, mas proporcionando qualidade e oportunidade ao cidadão santista para que ele possa participar do Porto de Santos.
Na quarta-feira (17), ocorrerá uma visita monitorada ao canal do Porto de Santos, uma iniciativa do Cenep e Autoridade Portuária, que tem o apoio da Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego. Essa programação já é uma integração da população com o Porto. A sua secretaria deve encampar mais visitas como essa?
Antigamente, se dizia que a Cidade ficava de costas para o Porto e vice-versa. A gente quer integrar cada vez mais Cidade e Porto. O que existe hoje é um convênio da Secretaria de Assuntos Portuários e Emprego de Santos com a Fundação Cenep. Nela, a gente consegue auxiliar na promoção de eventos como esse. Então, esses visitantes têm contato com o profissional portuário que vai explicar sobre o Porto de Santos e, depois, há a visita técnica ao canal de navegação. Com isso, ele consegue entender o que são as áreas arrendadas, que empresas que estão ali, se está passando pelo Corredor de Exportação, pelos terminais de granéis líquidos, sólidos, pátio de contêineres, como funciona o terminal, por onde a carga sai, ver o navio entrando com o auxílio do rebocador, como é a atuação da praticagem… Dentro desse contexto, a pessoa consegue ter uma ideia de como o porto funciona. Nós temos essa visita agendada para quarta-feira e o nosso objetivo é continuar com esse trabalho.