O Porto de Santos é uma peça-chave na infraestrutura logística do Brasil, sendo o maior da América Latina. O acesso rodoviário a essa vital instalação portuária é garantido, principalmente, pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que compreende as rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160). Entretanto, o crescente volume de tráfego tem gerado gargalos significativos, especialmente na entrada da cidade de Santos, evidenciando a necessidade de investimentos urgentes para garantir a eficiência logística e econômica da região.
Inaugurada em 1947 (pista norte) e 1953 (pista sul), após cerca de oito anos de construção, a Rodovia Anchieta possui aproximadamente 55 km de extensão e é crucial para a ligação entre a capital paulista e o porto de Santos. Ela é responsável pelo tráfego em grandes proporções de caminhões que transportam mercadorias ao porto. Apesar das constantes manutenções, a rodovia enfrenta congestionamentos frequentes, refletindo a saturação de sua capacidade diante do aumento contínuo de veículos.
A Rodovia dos Imigrantes, que inaugurou sua pista norte em 1976 e a pista sul em 2002, é reconhecida por sua infraestrutura moderna, com 58 km de extensão, incluindo túneis e viadutos que facilitam o tráfego no trecho de serra. No entanto, assim como a Anchieta, a Imigrantes também enfrenta desafios de congestionamento exacerbados durante os picos de movimentação sazonal e feriados. Fato que implica, muitas vezes, na inversão das pistas e mudança de operação.
Estima-se que diariamente cerca de 10.000 caminhões utilizem o SAI para acessar o Porto de Santos. Além disso, aproximadamente 60% das cargas que chegam ao porto o fazem por meio de transporte rodoviário. Esses números reforçam a necessidade em discutir a infraestrutura existente e a urgência de soluções de curto e longo prazo, caso contrário a sobrecarga atual resultará em colapso.
A principal resposta a esse desafio é a criação de uma nova ligação entre o planalto e a baixada santista, há tanto tempo discutida. Tal empreendimento, no entanto, demanda investimentos significativos e um tempo considerável para sua execução. Recentemente, tivemos a notícia de que uma empresa europeia desenvolverá o projeto executivo da terceira pista da Rodovia dos Imigrantes por R$ 60 milhões, custeados pela concessionária, um passo crucial para avançarmos no tema. Este projeto, com um orçamento total estimado em R$ 6 bilhões e previsão de quatro anos de obras, representa não apenas uma ampliação da capacidade rodoviária, mas também uma esperança de reduzir os gargalos atuais e futuros.
Gargalos esses que não são apenas um problema local, mas uma questão de relevância nacional, afetando diretamente a economia brasileira. A eficiência do transporte de cargas é vital para a competitividade do Porto de Santos, que movimenta uma parte significativa do comércio exterior do país. Para mitigar esses problemas, é imperativo que continuemos investindo em infraestrutura, considerando tanto as melhorias imediatas quanto a projeção para os próximos anos.
É consenso em todos os setores que a infraestrutura do Sistema Anchieta-Imigrantes, embora essencial, já não atende plenamente à demanda crescente. A previsão de uma nova ligação entre o planalto e a baixada é uma necessidade evidente. O desenvolvimento do projeto da terceira pista da Imigrantes é um indicativo positivo de que estamos avançando na direção certa. No entanto, é fundamental que continuemos a buscar soluções inovadoras e sustentáveis para garantir que o Porto de Santos permaneça um pilar de desenvolvimento econômico e logístico para o Brasil.
Artigo publicado em 29/5/2024.